domingo, 4 de dezembro de 2011

O projeto do outro

O projeto Intervenção urbana/programa computacional, de autoria de Núcia Sabóia Ferreira, apresenta uma linguagem artística pouco conhecida no município de Sena Madureira-AC, local escolhido para a realização da intervenção.
A utilização do programa computacional Ciberurbe, criado pelo professor Christus Nóbrega, oportunizou uma bela combinação com a forma que o projeto foi conduzido. Pendurar calcinhas no varal exposto em praça pública é uma forma de representação artística que consegue incomodar o público e fazer com que sinta-se instigado a participar de alguma forma da manifestação ou simplemente ignorá-la e seguir seu caminho, caso não se agrade da temática. A projeção de vídeo com a temática da violência contra a mulher foi um ponto interessante explorado pela Núcia, visto que, é algo presente no cotidiano e traz muitos problemas tanto no meio familiar quanto no escolar que é o lugar onde estes problemas se alastraram causando outros, às vezes de proporção semelhante à vivênciada pelos educandos.
Pelo que percebi na exposição que Núcia apresentou, o público interagiu com a intervenção mesmo aparentando estar realmente incomodado com a situação apresentada. Acredito que a interação dos homens com a intervenção deixou a autora satisfeita e com um alvo a mais alcançado, pois os tidos como agressores tendo o conhecimento das situações podem concientizar outros com a mensagem do vídeo e a experiência intrigante com dados alarmentes.
Considero o projeto como positivo e que pode servir de fonte de inspiração para futuros projestos de intervenção urbana, nos quais o público possa interagir e essa linguagem artística possa ser mais difundida.





domingo, 27 de novembro de 2011

Texto relacionado ao tema do projeto e à disciplina


WebArt - Arte e tecnologia
 
"Nossas belas-artes foram instituídas e seus tipos e usos fixados, num tempo bem distinto do nosso, por homens cujo poder de ação sobre as coisas era insignificante comparado ao que possuímos. Mas o espantoso crescimento de nossos instrumentos, e a flexibilidade e precisão que eles atingiram, as idéias e os hábitos que introduziram nos asseguram modificações próximas e muito profundas na antiga indústria do belo. Há em todas as artes uma parte física, que não mais pode ser vista e tratada como o era antes, que não mais pode ser subtraída à intervenção do conhecimento e do poderio modernos. Nem a matéria, nem o espaço, nem o tempo são, há cerca de vinte anos, o que sempre haviam sido. É de se esperar que tão grandes novidades transformem toda a técnica das artes, agindo assim sobre a própria invenção e chegando mesmo, talvez, a maravilhosamente alterar a própria noção de arte.”
Contemporaneidade, premonição, clareza. Poucas passagens problematizariam tão bem as relações da arte com a tecnologia da Internet como o trecho citado acima. Chega a ser espantoso que tenha sido escrito há 63 anos, mais precisamente em 1934, pelo poeta Paul Valer, em seu livro La conquête de lubiquité. O trecho é mais conhecido no Brasil por ter sido escolhido como citação de abertura do ensaio A Obra de Arte na Época de sua Reprodução Técnica, publicado em 1936 por Walter Benjamin.

Reprodutibilidade, multiplicação, sincronicidade. É quase desnecessário ressaltar a importância do texto de Benjamin, um dos marcos na reflexão crítica sobre a produção cultural do século XX. Ainda que o ensaio de Benjamin tenha no horizonte apenas os meios de reprodução existentes em sua época pré-midiática, é no mínimo esclarecedor pensar a possibilidade de uma arte criada na Internet e para a Internet dentro dos marcos originais lançados por seu ensaio.

A Obra de Arte na Época de sua Reprodução Técnica propõe uma mudança nos conceitos da estética clássica, acreditando que a possibilidade de reprodução quase infinita das imagens altera o cerne da experiência artística. A reprodutibilidade enterraria de vez conceitos como a aura, o valor cultural e a autenticidade.

Benjamin apontava essa mudança como positiva, por desmascarar a ideologia elitista da estética ocidental. Para ele, a arte não deveria ser pensada em oposição à indústria cultural, mas dentro dela. E as tecnologias seriam instrumentos para desmistificar teorias supostamente universais do belo, mostrando que, na verdade, elas não passavam de visões de classe sobre códigos socialmente compartilhados de comunicação.

É dentro desse universo estético e teórico que imaginamos uma mostra de web art para o evento Arte e Tecnologia. Uma mostra que pretende se constituir num site dinâmico e permanentemente atualizado, um lugar na rede que abrigue de maneira viva os questionamentos sobre a obra de arte na época de sua ubiqüidade.

Agora não se trata mais de produzir uma arte sobre suportes como a tela ou o filme fotográfico, para depois proceder à sua reprodução. Se houver uma arte na Internet, ela será infinitamente reproduzível. No momento mesmo em que conclui seu trabalho, o artista já pode ser visto e copiado por milhões de pessoas no planeta (e até fora dele: a rede também é acessada pelos ocupantes de estações espaciais). Se Benjamin viu na fotografia e no cinema o início da derrocada da aura e da autenticidade, não seria na Internet que elas desapareceriam de vez?

Essas foram as questões que orientaram nossa lista de convidados brasileiros para a mostra. E se dizemos aqui "convidados" em vez de "artistas", é porque o próprio conceito de artista deve ser recolocado na Internet. Seria possível pensar na figura de um web artista? Ou ele seria uma mistura de técnico, intelectual e artesão, como no Renascimento italiano? Quais as aptidões necessárias para criar arte na rede? Para tentar responder a essas perguntas, convidamos profissionais brasileiros das áreas de artes plásticas, design gráfico, vídeo e webmasters a mostrar trabalhos artísticos desenvolvidos especialmente para a Internet. Esses trabalhos podem ser vistos no site que montamos especialmente para a mostra.

Paralelamente, relacionamos vários endereços de trabalhos estrangeiros na World Wide Web, para que qualquer pessoa possa navegar até eles e comparar o estágio atual da web art brasileira com a produção no exterior. Aura, valor cultural, autenticidade: de nosso ponto de vista, pouco importa "onde" estão os trabalhos -se no Brasil ou nos EUA, se nos servidores do Itaú Cultural ou em outro computador qualquer. É nessa conjuntura que as questões da reprodutibilidade e da propriedade intelectual se colocam de maneira mais aguda.

Entretanto, a simples mostra não fecharia o ciclo de nossos questionamentos. Ainda seria necessária uma nova reflexão crítica, não sobre uma suposta "qualidade" dos trabalhos apresentados, mas acerca da especificidade da World Wide Web como meio de expressão artística. Para tanto, chamamos críticos, jornalistas e intelectuais ligados ao mesmo tempo ao mundo da cultura e da Internet para, após a abertura de nossa mostra, escreverem ensaios que questionem a possibilidade de uma arte feita na e para a Internet, em face dos trabalhos apresentados e/ou "linkados".


Ricardo Anderáos







De acordo com as informações contidas no texto de Ricardo Andreaós é possível perceber que a evolução tecnológica era prevista, porém sem imaginar o tamanho e as proporções que tomaria ainda no mundo contemporâneo.
As intervenções da tecnologia no campo artístico se tornaram indispensáveis por modificar o campo artístico com as inovações. A divulgação, as intervenções e a possibilidade do público interagir com a produção artística e oportuniza a aproximação deixando que sejam envolvidos pela arte, as formas são recriadas e se transformam. Será que se imaginava que a tecnologia e a arte se transformariam tanto? Acredito que talvez sim, pois o tanto o avanço tecnológico quanto as mudanças no meio artístico acompanham o desenvolvimento da humanidade em todas as suas evoluções e descobertas.
As formas de reprodução e divulgação atuais encorajam o artista a desenvolver seus trabalhos por atingir um número bem elevado de espectadores, tornando o trabalho conhecido expressando opiniões e críticas com as quais o artista pode aprimorar suas técnicas.
Certamente que a tecnologia e arte estão ligadas, porém não são as únicas formas de desenvolver um trabalho artístico ou uma apresentação se observarmos os trabalhos de gravura encontram grande aceitação do público. Mas, produzir trabalhos artísticos utilizando as tecnologias acompanha a humanidade na era tecnológica vivida atualmente, na qual todos os ambientes estão envoltos com a tecnologia.
Portanto, a arte não poderia deixar de utilizar essa ferramenta aderindo e transformando algumas técnicas, descobrindo novos rumos e se aproximando do espectador, que não é mais mero espectador e sim agente participativo ao interagir com as criações, modificando e auxiliando no desenvolvimento de suas próprias habilidades.

Fonte:

ANDERÁOS, Ricardo, Arte e Tecnologia – Arte Contemporânea com Novas Mídias o primeiro site brasileiro especializado. Disponível em <http://www.arteetecnologia.com.br/reportagemnoticia.asp?id=134> Acesso em 06 de setembro de 2011.

Poesia e desenho

O Sono

O sono que desce sobre mim,
O sono mental que desce fisicamente sobre mim,
O sono universal que desce individualmente sobre mim —
Esse sono
Parecerá aos outros o sono de dormir,
O sono da vontade de dormir,
O sono de ser sono.
Mas é mais, mais de dentro, mais de cima:
E o sono da soma de todas as desilusões,
É o sono da síntese de todas as desesperanças,
É o sono de haver mundo comigo lá dentro
Sem que eu houvesse contribuído em nada para isso.
O sono que desce sobre mim
É contudo como todos os sonos.
O cansaço tem ao menos brandura,
O abatimento tem ao menos sossego,
A rendição é ao menos o fim do esforço,
O fim é ao menos o já não haver que esperar.
Há um som de abrir uma janela,
Viro indiferente a cabeça para a esquerda
Por sobre o ombro que a sente,
Olho pela janela entreaberta:
A rapariga do segundo andar de defronte
Debruça-se com os olhos azuis à procura de alguém.
De quem?,
Pergunta a minha indiferença.
E tudo isso é sono.
Meu Deus, tanto sono! ...



Álvaro de Campos


Meu Projeto

Realizar o projeto Arte em Movimento - Stop Motion foi uma etapa muito produtiva que trouxe a comprovação de que fazer uma junção de linguagens artísticas auxilia na demonstração de como é possível se expressar de forma interativa, cooperativa e inserir as experiências pessoais na criação de uma obra.
O envolvimento dos estudantes em atividades práticas, após a apresentação teórica foi uma experiência interessante que partiu da verificação do interesse dos mesmos em conhecer outras linguagens artísticas diferentes da pintura e das esculturas que conhecem.
Durante as pesquisas encontrei o texto WebArt - Arte¹ e Tecnologia de Ricardo Anderáos, o qual trouxe informações importantes das contribuições da tecnologia para a arte e a produção de um planejamento para aulas de arte. As aulas constantes no planejamento, quando executadas, levaram o conhecimento sobre as técnicas artísticas de estampa foram a monotipia e a colagraf e de gravura a ponta seca, infelizmente por falta de material para a produção das matrizes não foi possível realizar, ainda, a prática com a ponta seca.

Com a execução do projeto percebi que as atividades com práticas artísticas incentivam os alunos e abrem espaço ao diálogo, a cooperação e ao respeito ao trabalho do outro. A originalidade das criações e a discussão, dos que optaram por trabalhar em grupo, tornaram o trabalho mais criativo.
Foi uma experiência enriquecedora, pois mesmo a gravura sendo uma linguagem artística de reprodução de cópias, a criatividade e a imaginação na produção das matrizes oportunizou o enriquecimento das habilidades e da compreensão de formas de expressão em arte.
Considero todo o processo como positivo, apenas a produção do Stopmotion que não pode ser realizada junto com os alunos devido a problemas de falta de eletricidade, assim eu mesma produzi e depois socializei com eles para que pudessem analisar e socializar suas impressões.

A seguir fotos das produções e um dos Stopmotions produzidos.














¹ANDERÁOS, Ricardo, Arte e Tecnologia – Arte Contemporânea com Novas Mídias o primeiro site brasileiro especializado. Disponível em <http://www.arteetecnologia.com.br/reportagemnoticia.asp?id=134> Acesso em 06 de setembro de 2011.

sábado, 5 de novembro de 2011

Material Didático

Durante a execução do projeto será entregue um pequeno livreto contendo instruções sobre os procedimentos com as técnicas de gravura que serão disponibilizadas.

MANUAL DE GRAVURAS




MONOTIPIA, COLAGRAF E PONTASECA


Monotipia

Breve definição:
A monotipia é uma técnica de impressão muito simples. Com esta técnica consegue-se a reprodução de um desenho ou mancha de cor numa prova única, daí o nome “monotipia”.
A prova obtida, monotipia, não é um duplicado fiel do desenho ou mancha original, na passagem para o papel (impressão), as tintas misturam-se fazendo surgir efeitos imprevisíveis.

Materiais:

Tinta óleo
Papel sulfite
Rolo de espuma
Rolo de macarrão ou colher de madeira
Pedaços de chapa de raio-x
Placa de vidro ou azulejo
Canetas
Trapos
Cotonetes
Cabos de pincéis



Procedimentos:
Método Aditivo
            Primeiro, espalhe um pouco de tinta na placa de vidro ou azulejo e vá abrindo a tinta com o rolo de espuma. Depois passe a tinta com o rolo na chapa de raio-x e faça desenhos com um cotonete ou cabo de pincel. Centralize a chapa em uma folha de papel sulfite A4, fazendo a marcação das laterais da chapa na folha de papel para que as outras cópias tenham a mesma dimensão. Coloque uma folha de papel em cima da chapa com o desenho e passe a mão apenas para retirar falhas, passe o rolo de macarrão ou colher de madeira algumas vezes até a estampa ficar na folha. Retire a folha e coloque para secar.

Método Positivo    
            Siga as orientações anteriores até a entintagem da chapa, depois centralize a chapa  sobre a folha com as marcações, coloque uma folha de sulfite em branco e com o cabo de um pincel ou caneta faça desenhos no verso da folha. Sem pressionar, retire a folha e coloque para secar.
Colagraf
Breve definição
A colagraf é uma técnica artística que consiste na criação de uma matriz para que seja entintada e impressa em papel usando prensa ou de forma alternativa.

Materiais:

Pedaços de papelão
Barbante
Tinta óleo
Verniz
Pincéis
Cola
Tesoura
Papel sulfite A4
Rolos de espuma
Placa de vidro ou azulejo
Folhas ou pedaços de galho seco
Rolo de madeira ou colher de madeira


Procedimentos:
            Recortar o papelão com dimensões menores que a folha de sulfite, depois escolher os materiais que irão ser colados na matriz formando o desenho desejado. Em seguida a matriz deve ser envernizada com o auxílio dos pincéis e colocados para secar um pouco.
            O processo de impressão é semelhante ao anterior. Espalhe a tinta óleo sobre a tampa de vidro ou azulejo e passe a tinta na matriz com o rolo de espuma. Depois centralize a matriz em uma folha de sulfite A4, colocando, com cuidado, outra folha sobre a matriz e passe o rolo de macarrão em direções opostas por algumas vezes, retire o papel e coloque para secar.


Ponta Seca

Breve definição
Consiste na gravação de uma imagem sobre uma chapa de metal. Os meios de obter a imagem sobre a chapa são muitos, pois cada artista desenvolve seu procedimento pessoal no trato com o metal. De um modo geral, o artista faz o desenho por meio de uma ponta seca – instrumento de metal semelhante a uma grande agulha que serve de caneta ou lápis. A ponta seca risca a chapa, que tem a superfície polida, e esses traços formam sulcos, micro concavidades, de modo a reterem a tinta, que será transferida através de uma grande pressão, imprimindo assim, a imagem no papel.

Materiais

Chapa de alumínio
Tinta óleo

Lixa d’água
Lima
Pregos (quem tiver o ponta seca, não precisa de pregos)
Bacia retangular
Rolo de madeira ou colher de madeira
Toalha
Pedaços de madeira em forma de rolinho (se não tiver o ponta seca)
Pincéis
Papel canson
Lápis
Retalhos de tecido
Tesoura


Procedimentos
Inicia-se com o processo de preparação da matriz, corte a chapa de alumínio com as dimensões desejadas, desde que sejam melhores que o papel canson, e use a lima para acertar as bordas da matriz, para que não fiquem cortantes. Depois lixe com a lixa d’água respingando gotas de água quando necessário.
Caso não tenha o ponta seca é possível improvisar com um prego preso a um pedaço de madeira em formato de rolinho, cortando a cabeça do mesmo e afinando com a lima. E logo faça o esboço em uma folha de sulfite o que vai ser riscado na chapa de alumínio.
Com o ponta seca comece a fazer ranhuras na chapa até formar o desenho esboçado, a profundidade deve ser capaz de assimilar a tinta. Para entintar a matriz você pode pintar as ranhuras com um pincel 00 ou outro à sua escolha. Após, coloque uma folha de papel canson na bacia com água por 3 minutos e enquanto aguarda, centralizei a matriz sobre uma folha de sulfite. Passado o tempo retire o papel da água e enxuguei com uma toalha para que não apareçam respingos de água no papel. Em seguida, passe o rolo de madeira ou colher de pau friccionando em todos os ângulos para que a imagem fique homogênea e deixe secar.


Referências Bibliográficas:
CATRAIOS, 2004. Monotipia. Disponível em: <http://www.catraios.pt/kids/eb1/aprenderfazer/monotipia/monotipia1/monotipia1.pdf> Acesso em 15 de outubro de 2011.

WEISS Luise. Monotipias: algumas considerações. Cadernos de gravura. Disponível na internet em: <http://www.iar.unicamp.br/cpgravura/cadernosdegravura/downloads/p2_GRAVURA_2_nov_2003.pdf>. Paula Almozara. Número 02. Novembro de 2003. Acesso em 16 de outubro de 2011.


ANDRIOLE, Mario. Gravura: conceito, história e técnicas. Casa da Cultura, 2003. Disponível na internet em: <http://www.casadacultura.org/arte/Artigos_o_que_e_arte_definicoes/gr01/gravura_conceito_hist.html>. Acesso em 16 de outubro de 2011.